Os problemas do ENEM, Lula sendo bonito em Paris e as prévias tucanas.
Tudo isso e muito mais no resumo da semana #151 do governo Bolsonaro.
The following takes place between nov-16 and nov-22
Turismo autocrático
O que um vereador de BH, o Mário Frias, o Hélio Lopes, um desembargador envolvido em uma investigação de um possível caso de corrupção de um dos filhos do presidente da República, os filhos do presidente da República e o Magno Malta têm em comum? Todos estavam na comitiva presidencial que viajou pelo Oriente Médio.
O que todas essas pessoas deveriam estar fazendo no Oriente Médio? Ninguém sabe, mas as fotos da festa ficaram ótimas.
P******s in Paris
Lula foi à Europa tentar mostrar para o mundo que o Brasil sabe se comportar diante de autoridades de outras nações. Em Paris, Emmanuel Macron aproveitou para mostrar que Bolsonaro é feio, bobo e chato e que o petista é bonito. Já na Alemanha, bateu papo com o próximo primeiro ministro do país, Olaf Scholz. No meio tempo, foi aplaudido pelo Parlamento Europeu.
Nem todo mundo é pária por aí.
Exame Nacional do Nacionalismo Médio
Com o menor número de inscritos desde 2005, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve a sua primeira prova realizada no último domingo (21). Os 3,4 milhões de inscritos representam uma redução de 64,35% em comparação ao ano de 2014, quando atingimos o recorde de participantes.
A prova, segundo o presidente da República, tinha “a cara do governo”. O ministro da Educação negou, mas fora das falas oficiais tivemos: 24 questões sendo retiradas da prova (das quais 13 foram recolocadas depois), acusações de assédio moral e pessoal não qualificado acessando a sala segura onde são preparadas as provas. E olha que estamos falando apenas da edição deste ano e não das anteriores.
Em notas relacionadas, o Tribunal de Contas da União investigará se as denúncias se sustentam.
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
- A Polícia Militar brasileira faria o que faz se o Ministério Público fizesse o seu trabalho direito?
- Jair Bolsonaro deve mesmo se filiar ao Partido Liberal, ainda que o Partido Liberal não se torne completamente filiado às suas ideais.
- Governistas decidiram que a PEC da Bengala não é mais útil.
- A Europa uniu o útil (proteger o produtor europeu) ao agradável (pregar sustentabilidade) e o agricultor brasileiro está prestes a se foder bonito.
- O governo brasileiro está trabalhando ativamente para manter golpista livre.
- Em 2020, o Brasil registrou o maior aumento anual do número de mortes desde 1984.
- O país também registrou a maior taxa de desmatamento na Amazônia desde 2006.
- Olavo de Carvalho não deve, mas teme tanto que saiu do Brasil 15 minutos após ser intimado pela Polícia Federal.
- Fernando Cury, que pôs as mãos nos seios da deputada estadual paulista Isa Penna (PSOL), foi expulso do Cidadania.
- Bolsonaro não acharia ruim o país ter um modelo educacional semelhante ao da Alemanha nazista.
De graça até na testa
Vem aí: a dose de reforço de toda a população adulta que já completou o ciclo vacinal com alguma vacina contra a covid-19. Fique atento ao calendário de vacinação da sua cidade e não perca essa grande oportunidade de ganhar uma injeção de graça.
O anúncio das doses de reforço foi realizado à revelia da Anvisa. A agência não gostou muito de não ter sido consultada, mas também não reprovou a ação do Ministério da Saúde. Pela redação, tudo bem.
Festa da tucanocracia
O PSDB decidiu realizar as suas prévias partidárias mesmo sabendo que o seu aplicativo não funcionaria direito. E, para a surpresa de pouca gente, ele não funcionou direito.
As prévias acabaram suspensas após vários problemas no registro de votos. Agora os tucanos foram bater bico para decidir quando a votação será retomada (optaram pelo próximo domingo). E em uma reviravolta surpreendente, Aécio Neves decidiu fazer campanha a favor de João Dória e avisou que deve sair do partido caso o governador paulista saia do processo vitorioso.
Pode parecer incrível, mas o PSDB continua nos surpreendendo apesar da sua grande habilidade de realizar escolhas políticas ruins.
Prometeu, mas não deve cumprir
A viagem de Bolsonaro a Bahrein também serviu para o presidente anunciar que a aprovação da PEC dos Precatórios permitia a concessão de aumento salarial para todos os servidores públicos federais e o financiamento de todas as outras promessas já feitas. Não era o caso. Mas, se fosse, a gente precisaria se perguntar: precisávamos mesmo de um calote tão grande?
Mesmo com os alertas de técnicos do governo, o chefe do ministério da Economia cedeu e começou a tratar o reajuste como certo. Gritos do ministro da Cidadania à parte, o anúncio de Bolsonaro deve ter servido só para uma coisa: aumentar a pressão de sindicatos bem articulados para que senadores aprovem o texto.
No ritmo que as coisas andam no Senado, é provável que o texto saia do Senado apenas com dinheiro para o Auxílio Brasil e reajustes em benefícios sociais. Nem todo o poder legislativo é bagunça.
Todos os posts da série estão disponíveis aqui.
Este texto foi escrito pelo Guilherme e revisado com a ajuda da Ninna. Você também pode nos acompanhar no TikTok, no Twitter ou diretamente em sua caixa de entrada.