A sociedade civil se unindo contra a democracia, o Judiciário se unindo a favor das eleições e o voto evangélico.
Tudo isso e muito mais no resumo da semana #190 do governo Bolsonaro.
The following takes place between aug-16 and aug-22
Gestos
Graças a Bolsonaro, a posse de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral deixou de ser só mais um evento burocrático do dia a dia da elite do Judiciário.
O evento, que contou com a participação de grandes nomes da política nacional, se tornou um ato em defesa das eleições: não faltou análise apontando que a fala de Moraes durante a sua posse foi um recado contra o golpismo.
Bolsonaro não bateu palmas para as palavras de Moraes a favor das urnas e de eleições livres, mas horas antes, em Juiz de Fora (MG), o presidente deixou claro que o lado dele não é o lado da democracia. A cara feia de Bolsonaro no evento, como sempre, não foi só genética.
Apaziguando
Alexandre de Moraes quer pacificar as relações entre o Tribunal Superior Eleitoral e os militares. Após um longo período de conflitos com Edison Fachin e Luís Roberto Barroso, há uma forte esperança de que as Forças Armadas terão menos dificuldade para lidar com o novo presidente da Corte. Mas, para todos os fins é importante lembrar que, até mesmo em um país como o Brasil, militar só palpita em assuntos que envolvem o uso de armas.
Senhores do Whatsapp
Se a elite política e judicial se une a favor da democracia, parte do grande empresariado brasileiro quer brincar de golpe e reviver 1964 fora de quatro paredes. Em um grupo de Whatsapp, donos de empresas como o Grupo Coco Bambu e a Mormaii falaram abertamente que preferiam um “golpe do que a volta do PT”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu ao STF que a Corte avaliasse a prisão dos citados na matéria, mas até o final da edição deste texto, ficamos apenas com mandados de busca nas casas dos envolvidos. Não foi dessa vez que eles brincaram de os Novos Inconfidentes.
Pequenas notas do Quinto dos Infernos
- O Proarmas apoiará 80 candidatos nesta eleição, incluindo gente acusada de homicídio e violência contra am mulher.
- O Ministério Público denunciou uma mulher por sofrer aborto após tentativa de suicídio.
- O modo como Simone Tebet (MDB-MS) iniciou a sua campanha diz tudo sobre a sua viabilidade eleitoral.
- O temperamento de Ciro Gomes está preocupando os seus conselheiros de campanha.
- O desmatamento da Amazônia continua crescendo.
- 82,9% dos estudantes brasileiros estão matriculados na rede pública.
- Um presidenciável tentou roubar o telefone de um youtuber após ser chamado de “tchutchuca do centrão”.
- Invasões e garimpo em terras indígenas aumentaram 180% durante o governo Bolsonaro.
- A Codevasf adotou um “self-service” de obras públicas e distribuição de máquinas para comprar apoio político a favor do governo.
- A Polícia Federal quer indiciar Bolsonaro por incitação ao crime.
O voto está nas igrejas I
Mulheres e evangélicos. Esses são os dois grupos que estão na mira dos candidatos nas eleições de 2022 e que representam 1/3 do eleitorado. É como se fosse Minas Gerais em forma de brasileiro: quem vence esses grupos, ganha o Planalto.
Bolsonaro já começou a sua estratégia para ganhar o voto dos evangélicos e das mulheres ao seu modo: isenção de imposto potencialmente ilegal para pastores, a presença da primeira-dama, Michelle, em atos de campanha, e insinuações de que a mulher de Lula, a Janja, é seguidora de religiões afro-brasileiras (o que não é um crime, mas funciona contra o petista).
O voto está nas igrejas II
Já Lula começou a semana afirmando que não realizaria uma campanha pautada pela religião. Depois, afirmou que Bolsonaro está “possuído pelo demônio” e que é um fariseu. Independentemente da estratégia que o petista for utilizar, há um grande caminho pela frente: Bolsonaro já consolidou o voto evangélico em boa parte desse eleitorado utilizando como base fatores (família, pânico moral e questões de liberdade individual) que Lula terá muita dificuldade para rebater sem sair demais da esquerda.
40 minutos de horror
Jair Bolsonaro foi o primeiro presidenciável a participar das entrevistas de 40 minutos do Jornal Nacional, na TV Globo. Em resumo, o presidente negou tudo o que disse nos últimos dias, semanas, meses e anos, negou que xingou ministros do Supremo ou que tenha imitado pessoas com falta de ar por causa da covid-19 e se comprometeu a respeitar o resultado das urnas. Quem não conhece o presidente que o compre.
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Este texto foi escrito pelo Guilherme e revisado com a ajuda da Ninna. Você também pode nos acompanhar no TikTok, no Twitter ou diretamente em sua caixa de entrada.